Vírus

Por Professor Dr. Ênio José Bassi
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Os vírus são considerados parasitas intracelulares obrigatórios: “sem ocupar uma célula viva, é impossível se replicarem, ou seja, gerarem uma nova partícula viral.” Assim, existem vírus que infectam plantas, vírus que infectam cachorros, vírus que infectam gatos, vírus que infectam bactérias e vírus que infectam os humanos.

Como exemplos de vírus que são capazes de infectar e causar doença em humanos, tem-se o vírus HIV, vírus Zika, vírus dengue e o vírus Chikungunya, dentre outros. “As nossas células quando infectadas tornam-se fábricas de novos vírus”, explica o professor Ênio Bassi do ICBS/UFAL, simplificando os termos. O vírus utiliza a estrutura e maquinaria de nossas células para que elas produzam mais vírus, que então irão infectar outras células saudáveis e/ou outros seres vivos.

Estrutura viral

Enquanto estruturas biológicas, esses microrganismos são extremamente simples, mesmo quando comparados a outros organismos, como bactérias, fungos e protozoários. Além disso, só podem ser visualizados por microscopia eletrônica. Os vírus são compostos basicamente de material genético (DNA ou RNA), poucas proteínas estruturais e não estruturais, e no caso dos vírus envelopados, uma bicamada lipídica. Em outras palavras, possuem a informação genética para produção de suas proteínas, uma capa protetora e, por fim, uma camada de gordura proveniente da própria membrana da célula hospedeira que é adquirida quando as réplicas virais saem da célula para recomeçar o ciclo replicativo em outras células.“Quando o vírus sai da nossa célula, carrega um pedaço da membrana celular na sua estrutura”, observa o pesquisador. “Não são todos os vírus que são assim, envelopados, mas por exemplo, este é o caso do vírus Chikungunya, vírus dengue, vírus Zika, além do coronavírus SARS-CoV-2, que é o responsável por causar a COVID-19” (Figura 1).

Figura 1. Microscopia eletrônica de transmissão do SARS-CoV-2 que causa a COVID-19.
Fonte: NIAID-RML.

Como o vírus infecta uma célula?

O “tropismo viral” é a capacidade de um vírus infectar especificamente determinadas células de um organismo vivo e não outras. Por exemplo, o vírus HIV infecta os linfócitos T CD4+, porque essas células do sistema imune têm receptores para ele se ligar. Linfócitos são um dos tipos dos nossos “glóbulos brancos” do sangue que atuam no sistema de defesa do corpo humano. Assim, esse tropismo é determinado pelos receptores presentes em determinadas células do hospedeiro.

Os receptores para os vírus geralmente são proteínas que fazem parte do organismo hospedeiro. No caso do SARS-CoV-2, um dos receptores já descritos para o vírus é a enzima conversora de angiotensina-2 (ECA-2).

Recentemente, cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) registraram o momento da infecção de células “in vitro” pelo SARS-CoV-2. Para isso, infectaram células de linhagem Vero em laboratório com o vírus isolado a partir de amostras de nariz e garganta de paciente infectado e, por meio de microscopia eletrônica, foi possível captar o momento em que o vírus consegue infectar a célula (Figura 2).

Figura 2. Microscopia eletrônica da infecção celular “in vitro” pelo vírus SARS-CoV-2. No detalhe da imagem, é possível observar o patógeno iniciando o processo de infecção.
Fonte: Débora F. Barreto-Vieira/IOC/Fiocruz.

No caso da COVID-19, nossas células quando infectadas se tornam “fábricas” produtoras do SARS-CoV-2. Assim, uma célula infectada pode gerar muitos vírus que se disseminam pelo organismo infectando outras células saudáveis. Um indivíduo infectado pode ainda disseminar o vírus para outras pessoas, mantendo assim, a propagação viral.