Doenças Crônicas e COVID-19 - Ansiedade

Por Gabriela Ferreira de Souza, Mirella Priscilla dos Santos Vieira, Rayssa Gabriely Duarte Torres, Fernanda Maria Araujo de Souza e professor Marcelo Duzzioni
26/05/2020 16h27 - Atualizado em 26/05/2020 às 16h28

Durante grandes surtos de doenças infecciosas, como a da COVID-19, medidas de contenção como a quarentena, auto-isolamento e distanciamento social constituem medidas preventivas necessárias. No entanto, a separação dos entes queridos, a perda de liberdade e do contato social e físico com os outros, a mudança de rotina (ou falta dela), a incerteza sobre o status da doença e a falta de informações claras entre a mídia e as autoridades de saúde pública possuem forte impacto no cotidiano da população e podem provocar efeitos psicológicos prejudiciais. Este contexto, desencadeia sensações de angústia, aflição, medo e pânico, que quando constantes podem instigar e/ou aumentar a incidência de transtornos de ansiedade e depressão.

Segundo o Centro de Controle de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o estresse durante um surto de doença infecciosa pode incluir: (i) medo e preocupação com sua própria saúde e com a saúde dos seus entes queridos; (ii) alterações no sono ou nos padrões alimentares; (iii) dificuldade para dormir ou se concentrar; (iv) piora dos problemas crônicos de saúde; (v) piora das condições de saúde mental; e, (vi) maior uso de álcool, tabaco ou outras drogas.

O transtorno de ansiedade por si só é caracterizado pela Organização Mundial de Saúde como uma das doenças mais prevalentes em todo o mundo. Os estresses decorrentes desse novo período, conforme listados pelo CDC, têm contribuído para um aumento significativo dos transtornos de ansiedade. A adaptação de uma nova rotina é um desafio, mas que se torna necessário nesse momento.

A conduta de controlar e limitar as informações relacionadas a COVID-19 pode contribuir para a redução do impacto emocional sobre os indivíduos. Manter a vida o mais normal possível, adotando as medidas de segurança, conservar um ritmo normal de trabalho, descansar o máximo possível, fazer exercícios regularmente podem promover melhor qualidade do sono, como também evitar informações sobre surtos antes de dormir.

Por fim, a utilização dos serviços psicossociais, principalmente serviços on-line, também pode-se fazer necessário e bastante útil neste período. Além disso, pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz) produziram 3 cartilhas com recomendações em saúde mental durante essa pandemia que podem ser seguidas, disponível em: https://www.unasus.gov.br/noticia/cartilhas-reunem-recomendacoes-em-saude-mental-na-pandemia.

A cartilha abaixo, descreve algumas das escolhas feitas em nosso cotidiano que podem ajudar na redução dos sintomas de ansiedade.

fig1 art doencas cronica.png

REFERÊNCIAS

Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Quarantine and isolation. 2017. https://www.cdc.gov/quarantine/index.html. Acessado em 25/04/2020.

BROOKS, S.K. et al. The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. The lancet, v. 395, p. 912-20, 2020.

GOODWIN, J.; HARRIS, S.J. Relaxion skills for anxiety. Report. University of British Colombia, 1-15, 2020.

HUANG, Y.; ZHAO, N. Generalized anxiety disorder, depressive symptoms and sleep quality during COVID-19 outbreak in China: a web-based cross-sectional survey. Psychiatry Research, v. 288, 2020.

KHAN, S.; KHAN, R.A. Healthy Diet a Tool to Reduce Anxiety and Depression. Journal of Depression and Anxiety, v. 05, 2016.

KYEONG, S.; KIM, J.; KIM, D.J. et al. Effects of gratitude meditation on neural network functional connectivity and brain-heart coupling. Scientific Reports, v. 07, 2017.

JAKOVLJEVIC, M. et al. COVID-19 pandemia and public and global mental health from the perspective of global health security. Psychiatria Danubina, v. 32, n 1, 2020.

LEI, L. et al. Comparison of Prevalence and Associated Factors of Anxiety and Depression Among People Affected by versus People Unaffected by Quarantine During the COVID-19 Epidemic in Southwestern China. Medical Science Monitor, v. 26, 2020.

LEWIS et al., 2009. Galaxy Stress Research. Report. Mindlab International, Sussex University, 2009. Disponível em: https://readingagency.org.uk/adults/impact/research/reading-well-books-on-prescription-scheme-evidence-base.html. Acessado em: 26 de Abril de 2020.

MARSH, L. Understanding anxiety and panic attacks. Report, revisado em 2018, 1-15, 2015. Disponível em: https://www.mind.org.uk/media/1892482/mind_anxiety_panic_web.pdf. Acessado em 26 de abril de 2020.

MOCCIA, L. et al. Affective temperament, attachment style, and the psychological impact of the COVID-19 outbreak: an early report on the Italian general population. Brain, Behavior, and Immunity. 2020.

PANTELEEVA, Y.; CESCHI, G.; GLOWINSKI, D.; COURVOISIER, D. Music for anxiety? Meta-analysis of anxiety reduction in non-clinical samples. Psychology of Music, v.46, 2018.

RAJKUMAR, R.P. COVID-19 and mental health: a review of the existing literature. Asian Journal of Psychiatry, v. 52, 2020.

STRÖHLE, A. Physical activity, exercise, depression and anxiety disorders. Journal Neural Transmission, v.116, 2009.

VEAZIE S, GILBERT J, WINCHELL K, et al. Addressing Social Isolation To Improve the Health of Older Adults: A Rapid Review [Internet]. Rockville (MD): Agency for Healthcare Research and Quality (US); 2019 Feb. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK537909/.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Depression and Other Common Mental Disorders; Global Health Estimates, 2017.