Doenças Crônicas e COVID-19 - Ansiedade

Por Gabriela Ferreira de Souza, Mirella Priscilla dos Santos Vieira, Rayssa Gabriely Duarte Torres, Fernanda Maria Araujo de Souza e professor Marcelo Duzzioni
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Durante grandes surtos de doenças infecciosas, como a da COVID-19, medidas de contenção como a quarentena, auto-isolamento e distanciamento social constituem medidas preventivas necessárias. No entanto, a separação dos entes queridos, a perda de liberdade e do contato social e físico com os outros, a mudança de rotina (ou falta dela), a incerteza sobre o status da doença e a falta de informações claras entre a mídia e as autoridades de saúde pública possuem forte impacto no cotidiano da população e podem provocar efeitos psicológicos prejudiciais. Este contexto, desencadeia sensações de angústia, aflição, medo e pânico, que quando constantes podem instigar e/ou aumentar a incidência de transtornos de ansiedade e depressão.

Segundo o Centro de Controle de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o estresse durante um surto de doença infecciosa pode incluir: (i) medo e preocupação com sua própria saúde e com a saúde dos seus entes queridos; (ii) alterações no sono ou nos padrões alimentares; (iii) dificuldade para dormir ou se concentrar; (iv) piora dos problemas crônicos de saúde; (v) piora das condições de saúde mental; e, (vi) maior uso de álcool, tabaco ou outras drogas.

O transtorno de ansiedade por si só é caracterizado pela Organização Mundial de Saúde como uma das doenças mais prevalentes em todo o mundo. Os estresses decorrentes desse novo período, conforme listados pelo CDC, têm contribuído para um aumento significativo dos transtornos de ansiedade. A adaptação de uma nova rotina é um desafio, mas que se torna necessário nesse momento.

A conduta de controlar e limitar as informações relacionadas a COVID-19 pode contribuir para a redução do impacto emocional sobre os indivíduos. Manter a vida o mais normal possível, adotando as medidas de segurança, conservar um ritmo normal de trabalho, descansar o máximo possível, fazer exercícios regularmente podem promover melhor qualidade do sono, como também evitar informações sobre surtos antes de dormir.

Por fim, a utilização dos serviços psicossociais, principalmente serviços on-line, também pode-se fazer necessário e bastante útil neste período. Além disso, pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz) produziram 3 cartilhas com recomendações em saúde mental durante essa pandemia que podem ser seguidas, disponível em: https://www.unasus.gov.br/noticia/cartilhas-reunem-recomendacoes-em-saude-mental-na-pandemia.

A cartilha abaixo, descreve algumas das escolhas feitas em nosso cotidiano que podem ajudar na redução dos sintomas de ansiedade.



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